16 abril 2010

Cultura da Cana-de-açúcar

image A cana-de-açúcar é uma gramínea perene, que pertence ao gênero Saccharum, própria de climas tropicais e subtropicais. Há várias espécies do gênero Saccharum (S. officinarum, S. spontaneum, S. robustum, etc.), entretanto as variedades em uso são praticamente todas híbridas, sendo denominadas Saccharum spp. Nessas híbridas se procura aliar a rusticidade que algumas espécies apresentam como a S.spontaneum, às qualidades nobres das variedades de S. officinarum (SILVA, 2003).
image A cana-de-açúcar é uma planta da família das Poaceaes e tem como uma das principais características o perfilhamento abundante na fase inicial de crescimento. É uma planta de alta eficiência fotossintética e ponto de saturação luminoso elevado, típico de um grupo de plantas denominadas de C4, sendo altamente eficiente na conversão de energia radiante em energia química (OLIVEIRA et al., 2004).
Segundo Junqueira et al. (2006) a cana-de-açúcar saiu da Nova-Guiné e de ilha em ilha, através dos séculos, chegou à Índia em torno de dois mil anos antes da era cristã. Foram os gregos de Alexandre Magno que levaram para a Europa a notícia da existência de uma planta que dava mel sem abelhas. Porém, aos Árabes coube levar a cana-de-açúcar da Pérsia para as costas africanas do Mediterrâneo, sul da Sicília e sul da Espanha, de onde os portugueses levaram-na para a ilha da Madeira.
image Em 1532, Martim Afonso de Souza, em parceria com o genovês Giusepe Adorno, fundou em São Vicente o engenho dos Erasmos, nome de seu financiador alemão, se tornando o primeiro engenho de açúcar do Brasil. Logo em seguida, Duarte Coelho fundou outro engenho em Pernambuco, devido à maior proximidade com a Europa e o clima mais favorável ao cultivo da cana-de-açúcar. É através da vinda de Morgado de Matheus, 1765, que a cultura da cana-de-açúcar começou a ser incentivada na região conhecida por quadrilátero do açúcar: Campinas, Itu, Capivari, Piracicaba. No século 19, no Estado de São Paulo a cana foi superada pelo café e foi somente na segunda metade do século 20 que começou a retomar o seu lugar preferencial na agricultura paulista (JUNQUEIRA et al., 2006).
A importância da cana-de-açúcar é devida à sua múltipla utilidade, podendo ser empregada “in natura”, sob a forma de forragem, para alimentação animal, ou como matéria-prima para a fabricação de rapadura, melado, aguardente, açúcar e álcool. Seus resíduos também têm grande importância econômica. O vinhoto é transformado em adubo e o bagaço, subproduto da indústria sucroalcooleira, é usado como fonte de energia (SILVA et al., 2007).
A cana-de-açúcar é uma das principais culturas exploradas no Brasil. Em função das dimensões territoriais do país, ela encontra as mais variadas condições climáticas. O Brasil é o único país do mundo com duas épocas de colheitas anuais, uma de setembro a abril (na região norte-nordeste) e outra de maio a dezembro (na região centro-sul). A melhor época para o plantio da cana no Brasil é entre janeiro e março e o primeiro corte ocorre após aproximadamente 18 meses (cana de ano e meio). O ciclo da cana-de-açúcar pode variar de seis (5 cortes) há nove anos (oito cortes), dependendo do tipo de solo e das condições de manejo adotadas na cultura (SILVA, 2003).
A área ocupada com a produção de cana-de-açúcar na safra 2007 foi de 6,6 milhões de hectares, alcançando uma produtividade de 515,8 milhões de toneladas e rendimento médio de 77,07 kg/ha (IBGE, 2008). A indústria sucroalcooleira destinou cerca de 47,0 % dessa produção para fabricação de açúcar e 53,0% para a produção de álcool. Quando comparado com a safra 2006/07, verifica-se um crescimento de 10,62% na produção (CONAB, 2008).
image Para o IBGE (2008) a produção de cana-de-açúcar na safra 2008 indica que o volume total a ser processado pelo setor sucroalcooleiro deverá atingir um montante de 557,9 milhões de toneladas.
Estimativa da produção de bagaço e palhiço na safra 2008.
Estimativa
2008
Produção
(mil t)
Matéria
Seca
(mil t)
Cana-de-açúcar
557

Bagaço
-
70
Palhiço
-
78
Fonte: Baseado em IBGE (2008).
image Para a safra 2008 observa-se uma tendência de expansão mais acentuada para o álcool que para o açúcar. A produção estimada de açúcar para o país, como um todo, deverá atingir de 33,87 a 35,16 milhões de toneladas, com um crescimento percentual de 8,27% a 12,41%. Apesar desta evolução, o crescimento da produção de açúcar está abaixo do previsto para o álcool, com previsão de crescimento de 14,97% a 19,46% e produção de 26,45 a 27,49 bilhões de litros, confirmando a tendência de uma safra mais alcooleira (CONAB, 2008).

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